A região onde hoje se localiza o bairro Imbiruçu, em Betim - MG, tem sua ocupação lusoafrobrasileira comprovada em documentos desde a primeira metade do século XIX. É muito provável que a região tenha se tornado cedo um povoado por razões geográficas: há uma significativa várzea às margens do Riacho das Areias, também chamado outrora Riacho Embiruçu. O relevo suave e a facilidade de acesso às povoações vizinhas certamente contribuiu para esta ocupação.
Note-se que o nome do lugar foi escrito de diferentes maneiras ao longo do tempo: Ibira-ussu, Embira-ussu, Embiruçu, Imbirussu e finalmente Imbiruçu. Este nome significa grande embira e se refere a uma árvore de boa sombra que existia em grande quantidade na região.
Em 1831, um censo realizado, por ordem do governo imperial, por todas as paróquias católicas do Brasil, também foi feito pela Paróquia de São Gonçalo do Amarante, de Contagem, e nele figuram moradores do Imbiruçu. Esse é o primeiro indício de que os moradores do Imbiruçu antigo estavam mais ligados a Contagem do que a Betim, participando da vida cultural e religiosa em torno da Matriz de São Gonçalo.
Posteriormente, em 1855, quando o mesmo governo imperial ordenou o registro das terras ocupadas em todo o país, foram registradas na Paróquia de São Gonçalo, propriedades como Fazenda Embiruçu, Sítio Embiruçu e Capão do Embiruçu.
Fontes orais indicam que a partir da inauguração de Belo Horizonte, em 1897, formou-se um povoado no Imbiruçu, com pequenos proprietários dedicados à produção de alimentos para vender na capital. Logo depois, começamos a ter os primeiros indícios da oferta de educação escolar formal na localidade.
O Minas Gerais de 29/03/1909 publica notícia de que fora criada a cadeira mista [de ensino] do Retiro, pelo Decreto 2.442, de 09/03/1909, e estava sendo providenciada, para seu funcionamento, a doação de prédio pelo Estado. Com a criação da cadeira estadual, ficava ali disponível a cadeira municipal, da qual seria pedida a transferência para o povoado do Imbiruçu, devido ao avultado número de crianças carentes de ensino. Observar que tanto Retiro quanto Imbiruçu eram localidades de Contagem nessa ocasião, razão pela qual esses registros foram feitos pelo então distrito de Contagem que, como Betim, pertencia nesse momento a Esmeraldas. Não sabemos se a escola do Imbiruçu realmente começou a funcionar nessa época. Era muito comum também que as escolas começassem a funcionar e fossem depois fechadas pela transferência dos professores ou professoras para localidades de sua preferência, ou quando faltavam recursos para manter a escola.
Em 1921, o Coronel
Augusto Camargos, de Contagem, em carta ao Secretário do Interior, Afonso Pena, pedia a
criação de escola mista no Imbiruçu, que então contava com 122
crianças em idade escolar. Observe-se que escola mista era aquela que recebia matrículas de meninas e meninos, numa época em que a maioria das escolas só recebia matrículas de meninos. A instrução escolar das meninas era mais difícil e elas geralmente só frequentavam o chamado ensino primário (séries iniciais do atual Ensino Fundamental).
A escola de Imbiruçu foi então criada pelo Decreto do Governo do Estado n. 6.139, de 25 de julho de 1922, e instalou-se a 2 de julho de 1923, tendo como primeira professora contratada Alice Diniz Moreira (a família Diniz é muito tradicional em antiga em Contagem, à qual o Imbiruçu estava ligado à época).
A 31 de julho de 1926, em substituição, assume a normalista Edith Diniz. Era dado o nome de normalista à professora que cursasse o Curso Normal, dedicado à formação para o magistério. Provavelmente, Alice Diniz Moreira não tinha essa formação, sendo considerada professora leiga e substituída por uma colega que já tinha a formação específica.
Em 1938, foi criado o Município de Betim, e o Imbiruçu passou a fazer parte de seu território, embora permanecesse ainda por muitas décadas e até a atualidade culturalmente ligado a Contagem.
Em 1941, consta dos registros de Betim que foi criada a Escola Rural do Imbiruçu. O fato de ser criada escola nesta data pode ser um indício de que a escola anterior tenha parado de funcionar. O mesmo se deu em 1951, quando se criou a Escola Municipal da Aldeia de Imbiruçu.
Essas primeiras escolas funcionavam em prédios adaptados ou muito precários. No início dos anos 1970, na gestão do Prefeito Newton Amaral Franco, de Betim, foi feito um levantamento das condições físicas das escolas betinenses e verificado que muitas delas não estavam funcionando em condições dignas ou não tinham vagas suficientes para atender a demanda. Foi então construído um novo prédio para a Escola do Imbiruçu, inaugurado em 1973. É nesse prédio que a escola funciona até a atualidade, tendo passado por ampliações e reformas.
Em 1975, pelo Decreto Municipal n. 953, de 29/07/1975, a escola recebe a denominação de Escola Municipal Sebastiana Diniz Mattos Cardoso.
Segundo informações publicadas pela escola em 2022, durante a comemoração de seus 81 anos como escola betinense, Sebastiana Diniz Mattos Cardoso nasceu em 17 de novembro de 1918, em Contagem – MG, filha de José Augusto de Mattos e Josina Augusta Diniz Moreira. Formou-se professora pelo Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Belo Horizonte, em 1936. Fixou residência em Betim, onde começou a lecionar em 29 de março de 1937, como contratada, e foi nomeada em 09 de agosto de 1941 para o quadro do magistério do Estado. Casou-se em 16 de novembro de 1944 com Florindo Cardoso Osório e teve dois filhos.
Dedicou toda a sua vida profissional à Escola Estadual Conselheiro Afonso Pena de Betim, onde foi professora por dez anos, auxiliar da direção por sete anos e diretora por oito anos, tendo se aposentado em 1962. Faleceu em Betim em 06 de outubro de 1971.
Como homenagem póstuma, o Município de Betim conferiu seu nome à escola do bairro Imbiruçu, a uma rua no bairro Marajoara e a uma ponte no bairro Jardim da Cidade.
Voltando à história da escola do Imbiruçu, esta passa a ofertar as séries finais do Ensino Fundamental ainda em 1976, por definição da Portaria n. 314/76 da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Antes dessa data, os estudantes que desejassem cursar o ginásio, como eram conhecidas as séries finais naquela época, precisavam ir para o centro de Betim, de Contagem ou de Belo Horizonte.
Em 1981, escola é
reconhecida pela Portaria n. 435, de 03/01/1981 da SEE/MG, publicada no Minas
Gerais de 11/09/1981. O reconhecimento das escolas municipais pelo órgão competente do Estado costumava demorar muitos anos, como nesse caso, pelo fato de que o sistema escolar estava se ampliando rapidamente e muitas escolas estavam sendo criadas no território mineiro.
Nos anos 1990, a população da região do Imbiruçu havia crescido muito, depois da instalação de grandes indústrias e imigração de milhares de pessoas, em busca de moradia e trabalho na região metropolitana de Belo Horizonte. A Escola Sebastiana foi responsável pelas primeiras turmas das séries finais do Ensino Fundamental nas escolas Aristides José da Silva e Abílio Gomes.
Atualmente, a E. M. Sebastiana Diniz atende apenas as séries iniciais do Ensino Fundamental em dois turnos e a comunidade a valoriza como uma escola tradicional e que oferece um ensino de alta qualidade.
Referências
FONSECA, Geraldo. Contagem perante a história. 1716-1978. Contagem: Prefeitura Municipal, 1978.
Pesquisa realizada pela E. M. Sebastiana e apresentada em paineis por ocasião da comemoração de seus 81 anos em julho de 2022.
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