O K é os bicho...
Foi trocentos anos atrás que eu li "A vida na escola e a escola da vida". Tempos de magistério. E a vida mudou tanto. Mas a escola, pouco.
Ultimamente tenho visto que a letra cursiva é uma verdadeira tirania. Caligrafia hoje é muito boa para se tombar como patrimônio cultural.
Meus estudantes ralam para aprender a copiar em cursiva, muitos não conseguem, mas têm vergonha de tentar outra coisa. Aliás, como tentar outra coisa, se a leitura é menos importante que a cursiva?
Eu mesma, quando aos seis anos soube que ia começar o curso de cursiva, tive febre. Olhava aquele alfabeto na parede e tremia nas bases. Mas a professora era fofa e lia lindamente para nós. Aquele ritmo, aquela expressividade, o corpo todo lia. Depois, todo mundo tinha que ler. Pulou o ponto, ela dizia. Tem que ler o ponto.Você tá enxergando o ponto de exclamação? E a gente dramatizava, memorizava, recitava, tudo antes de escrever.
Aprendi a cursiva. Não é nada demais. Só que com pouco uso social.
Agora vejo cada cursiva linda! Mas sem ler. Sem ler nada. É tudo control C, control V. Azar... Você conversa por uatizap, João? Sim prof. Eu mando áudio. Como é que eu acho seu jogo preferido no meu celular? Dá aí que eu pesquiso, prof. Ok, google. E fala inglês, o jogo aparece.
Eu não concebo que um país tenha cadernos escolares e não notebooks. Claro que umas unidades da federação, umas escolas particulares já sacaram. Até têm cadernos, mas leitura é mais.
Pra quê curso de cursiva se professor mistura maiúscula com minúscula na lousa? Uma copiança.
Sou tiete do Robert Darnton porque ele me informou que alguns dos Estados Unidos não ensinam mais a escrever à mão. Não que eu curta os Estados Unidos. Tenho até uma ojeriza. Escrevo à mão porque sou bem analógica.
Já que a cursiva é tão importante para a vida na escola, por que a gente não dá optativa? Ou logo um impeachment?
Esse é um manifesto pelo computador pessoal na escola. Podem mandar notebooks superfaturados, mas mandem bons.
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