Calendário das festas agrícolas na Europa antiga
A festa conhecida como Halloween ou Dia das Bruxas articulou-se ao calendário cristão em ligação ao Dia de Todos os Santos (1 de novembro) e Dia de Finados ou Fieis Defuntos (2 de novembro). Por isso mesmo, a origem do nome da festa é All Hallow's Eve (Véspera do Dia de Todos os Santos).
Como no Carnaval, as festas pagãs ou de liberação de energia criativa e dos impulsos e desejos corporais se alternam com as festas pias.
A festa começou entre os celtas, antigos povos agricultores da Europa, originários dos irlandeses e escoceses, para os quais as estações de ano e a transição de uma para outra continham significados sagrados, pois indicavam as semeaduras, a fertilidade, a colheita.
Ao final do verão, esse povo realizava um festival chamado Samhain, no qual a fogueira era um elemento central. Em muitas festas populares por todo o mundo as fogueiras estão presentes, representando a ligação entre o humano (chão) e o divino (céu).
Os celtas estiveram ligados à origem de personagens e histórias muito conhecidas no ocidente moderno, como o rei Artur e sua Távola Redonda, o Mago Merlin, a Fada Morgana, a Fada Viviane do Lago, etc.
Entre os celtas, acreditava-se que na última noite do verão, 31 de outubro, os espíritos saíam de suas tumbas para assustar os vivos, e por isso procuravam proteger suas casas com amuletos, especialmente aqueles que pudessem ser assustadores para os espíritos (caveiras, nabos esculpidos e iluminados por dentro).
Era o dia de lembrar a morte, que existe, e as crenças sobre a imortalidade dos espíritos humanos.
Quando as antigas religiões europeias foram dominadas pelo cristianismo, o Dia das Bruxas foi proibido e a Igreja Cristã (naquela época só existia a Católica) procurou canalizar as forças do Samhain para o Dia de Finados. O Papa Gregório 3º mudou a data de Finados de 13 de maio para 2 de novembro, a fim de coincidir com o Festival de Verão.
O fato é que a morte e o mal não podem ser banidos de nossas manifestações culturais por estarem presentes no cotidiano e representar para nós o desconhecido. Por isso, caveiras, zumbis, vampiros, bruxas fazem parte do nosso imaginário e a festa não pôde ser extinta.
O Halloween propriamente dito, com essa denominação, foi formatado no Reino Unido - sob a liderança da Inglaterra - e duramente combatido pela rainha Elizabeth e pelo rei Henrique III. Porém, sem sucesso. As fogueiras serviam para espantar o mal e se adotaram práticas de adivinhação: sobre com quem se ia casar, sobre quando seria a morte de alguém ou o motivo, sobre como seriam as colheitas. As crianças cantavam rimas ou orações para as almas dos mortos e por isso ganhavam doces. Muitas igrejas badalavam seus sinos a noite inteira, sendo até multadas pela Coroa.
O Halloween, já com essa denominação, foi levado para os Estados Unidos principalmente pelos irlandeses. Aliás, os irlandeses foram escravizados para trabalhar nos Estados Unidos. Por volta de 1870, uma grande fome assolou a Irlanda, estimulando a migração para a além-mar, justamente quando temos os primeiros sinais do Halloween nos EUA. Foi na América que o milho e a abóbora se tornaram elementos agrícolas típicos do Halloween.
Ao longo do tempo, a festa perdeu seu caráter propriamente religioso, ligado a crenças e ao exorcismo dos medos, e se tornou uma espécie de carnaval, tendo como uma das mais fortes tradições a garantia de presentes para as crianças, como no Natal e na Páscoa. No Halloween, são as guloseimas. Por volta de 1920, surgiu a brincadeira "doces ou travessuras", retirando os aspectos religiosos da participação das crianças na festa.
As fantasias, as maquiagens macabras, a realização de filmes e a produção de mercadorias em torno do Halloween se tornaram a verdadeira tônica da festa. Que aliás, continua inventando tradições, se atualizando, e hoje é o maior feriado norte-americano (medido em vendas de chocolates...)
No Brasil, polemiza-se o crescimento dos festejos no Dia das Bruxas, por influência da cultura inglesa. Tanto que em 2005, o governo dedicou o dia 31 de outubro ao Saci, personagem das culturas antigas do Brasil. Com uma perna só, um eterno cachimbo em baforadas, o Saci poderia aparecer e desaparecer quando quisesse, assustando as pessoas com suas traquinagens. Como tantas personagens do Dia das Bruxas.
Fontes:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151029_origem_halloween_rb (30/10/17).
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