IPTUH

Written By Ana Claudia Gomes on terça-feira, 25 de julho de 2017 | 19:18

Praça Floriano Peixoto, BH-MG.

Sei, sim. Combinado não é caro. Já há décadas ouço técnicos em finanças públicas ensinarem que o Estado precisa ter fontes diversificadas de arrecadação. Pra não ficar na mão de calango a qualquer meu pé me dói. Vamos dizer que estavam avisando: mais dia, menos dia...
Especialmente em tempos de queda na circulação de mercadorias. Deram para taxar os bens de raiz, incluindo os sete palmos que nos cabem neste latifúndio.
Acho nada demais não. Tipo, se você possui, você paga. Entretanto, no mínimo tem que valer a pena possuir. De forma que os proprietários naqueles três ou quatro bairros onde tudo é perfeito, inclusive a segurança, devem mesmo pagar. E caro.
Mas se no seu bairro não tem calçada. Ou se não dá pra andar cem metros sem encontrar buraco ou sobressalto. Se não há pão para todos. E muito menos circo. Se toda a circunvizinhança é feia, feia, feia e esfumaçada. Só muito além uma ponta de serra. Se o cheiro no ar não é de fulô. Se os muros escondem jardins ou sua ausência. Se não tem balada ou sequer ônibus pra voltar da balada. Se o médico especialista tá com fila de seis meses. Se a escola finge que ensina e seus garotos nem mais fingem que aprendem. Se não há praças de efetivo uso pela gente do lugar. Se as obras públicas se tornam ruínas antes da inauguração. Esse tipinho de coisa, sabe. Então alto lá. Você não pode pagar o que pagam os condôminos do luxo.
O melhor que você faz é vaiar. Bem alto e por muito tempo, até o Estado fazer nascer trepadeiras no cimento. E só pague pela cidadania que efetivamente possua.
Chato é que a gente normalmente não vá vaiar quando a matéria está no legislativo. Mas só quando a conta chega em meses de relaxar, churrascar, viajar. Justamente nas férias dos meninos. Dá vontade de lascar um palavrão. Mas eles normalmente são machistas e homofóbicos. Rumar pra lá.
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