Para uma espécie que surgiu no continente africano, a gente vai bem mal em ensinar aos jovens a importância ancestral desse majestoso lugar. Para um país cujos alicerces, paredes e telhados foram construídos por braços afrodescendentes, a gente vai bem mal em reconhecer os povos africanos.
E como prova precisamos ir muito longe não.
Era uma aula de história. Sobre o Egito, coisa corriqueira em currículos nacionais. O guri ficou pálido e vociferou: mas o Egito fica na África?!? E ficou boquiaberto vários segundos quando um petiz seu colega matou a cobra e mostrou o pau. Os hebreus também vieram da África. Silêncio na plateia.
Depois era aula de arte. A professora desenhou com técnica egípcia o príncipe do Egito, personagem clássico de animação. Saiu cada reprodução do desenho. Cada colorido. É muita garotada artista viu.
Mas só um curumim pintou a pele do príncipe de marrom. A professora parabenizou. Você é o único da classe a saber que o príncipe do Egito era negro. Falou mesmo sabendo que uns e outros controvertem.
O garoto voltou ao seu grupo e disse baixinho muito orgulhoso. Eu fui o único. Único único.
Imagem: O príncipe do Egito, divulgação.
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