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Um homem duas almas

Written By Ana Claudia Gomes on quinta-feira, 17 de novembro de 2016 | 12:04

Oh! fora bom se eu pudesse ter medo! Viveria. Mas o característico daquela situação é que eu nem sequer podia ter medo, isto é, o medo vulgarmente entendido. Tinha uma sensação inexplicável. Era como um defunto andando, um sonâmbulo, um boneco mecânico. Dormindo, era outra cousa. O sono dava-me alívio, não pela razão comum de ser irmão da morte, mas por outra. Acho que posso explicar assim esse fenômeno: - o sono, eliminando a necessidade de uma alma exterior, deixava atuar a alma interior.

(Machado de Assis. O espelho. Esboço de uma nova teoria da alma humana. Papéis avulsos. Belo Horizonte: Itatiaia: 2006, p. 149).
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